terça-feira, 8 de novembro de 2011

Diário de um não-índio: primeiro dia de celebração, "cabeçabol", Kamaiurá e corrida de tora

Domingo ocorreram as primeiras demonstrações de culturas tradicionais na grande Arena Central na Ilha
de Porto Real, cidade de Porto Nacional, Tocantins, onde é realizada a XI edição dos Jogos dos Povos Indígenas. As atividades que ocorrem a beira do rio Tocantins, tiveram início por um dos esportes nobres dentre os jogos, o clássico instrumento de caça, pesca e guerra indígena arco e flecha. Além disso, povo Kamaiurá demonstrou sua cultura e os Kanela trouxeram o público a arena para a corrida de tora.

Menino indígena brinca com a cobra em espiral, alvo das flechas
Para a prova de arco e flecha, o alvo era uma grande cobra pintada em formato de espiral, que deveria ser flechada na cabeça. Os quatro guerreiros que mais próximo chegassem a da
cabeça seriam classificados para as finais. Naquele fim de tarde, se classificaram povos como os Bororo, de Mato Grosso, que se destacaram por seus bons resultados. A emoção tomava conta da arquibancada a cada tiro certeiro dos arqueiros. A segunda eliminatória para decisão dos últimos finalistas ficou para quarta feira (9).

Na sequência, outro esporte tradicional indígena foi demonstrado, pelo povo Kamaiurá, do rio Xingu. Eles
realizaram a demonstração da prática de Jawari, uma luta simulada com lanças, porém com a ponta não afiada, envolvida por cera de abelha que evita que os guerreiros sejam feridos.
Os Kamaiurá mantém essa prática histórica, pois anteriormente costumavam realizá-la para treinar para as
guerras nas quais seus homens lutaram. Eles se dividem em dois grupos que ficam alinhados e daquela forma, um fica parado aguardando que o outro o acerte.
Ele só pode desviar sem retirar os pés do chão, numa demonstração de coragem e ainda boa pontaria. Os Kamaiurá iniciam a demonstração com cantos e dança assim como concluem a belíssima demonstração.

Pouco depois ocorreu uma demonstração que teve a participação do público. Foi a corrida de toras com os
guerreiros e guerreiras Kanela, oriundos do Maranhão. Primeiros os homens correram uma volta, pouco depois, as mulheres daquele povo entraram em cena, e juntamente com elas, voluntárias e voluntários moradores da comunidade de Porto Nacional, município de Tocantins que recebe os jogos, participaram da brincadeira, levando mais emoção as atividades.
Um rapaz e duas mulheres da cidade se predispuseram a participar, para carregar com apoio das guerreiras Kanela, a tora que pesa cerca de 70 quilos. A torcida foi ao delírio com a corrida e venceu a dupla das mulheres Portuenses que participaram. A interação entre indígenas e não-indígenas foi muito bonita.

Pouco depois, outra modalidade chamou atenção com a prática do conhecido "cabeçabol". Os participantes foram do povo Mamaindé, que participou com o esporte por eles denominado de "Haidan". Eles fizeram dois times divididos em grupos de seis guerreiros. Também marcaram um campo na arena para realizar a disputa. A ideia deste esporte é que um dos times saque a bola rasteira com as mãos para que os demais devolvam de cabeça.

Se a bola sair do campo adversário quando houver a cabeçada inimiga ou a bola tocar o corpo do guerreiro é ponto para o time oposto. Cada partida vai a três pontos nesta contagem e são três pequenas partidas destas para definir o campeão, que segue a regra "melhor de três".
Este esporte também é praticado por outros povos indígenas. Ao final da noite, houve uma apresentação de coreografias do grupo artístico da terceira idade da cidade de Porto Nacional, o grupo Amigos para Sempre. A bela apresentação envolvendo cerca de 15 senhoras da comunidade em três
lindas coreografias encerrou a bela noite de esportes e cultura na Arena Central da XI edição dos Jogos dos Povos Indígenas.

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